Com a pandemia do coronavírus, muitas instituições (financeiras ou não) viveram um ano completamente atípico e se viram em meio a prejuízos e, consequentemente, precisaram recorrer à venda de carteiras de créditos vencidos para empresas especializadas no ramo – como é o caso da MGC Holding, a terceira maior do país após a aquisição das operações da Credigy no Brasil.
Portanto, para fechar o ano de 2020, o Portal Cessão de Créditos entrevistou o sócio-diretor da MGC, Eduardo Martins. Com passagens pelo Banco do Brasil e Banif, além de um mestrado em Gestão Pública e Empresarial pela FGV, o executivo nos conta um pouco sobre os processos da empresa e a sua visão para o mercado de créditos para o próximo ano.
Eduardo Martins: Nós sempre olhamos para as oportunidades e a recente aquisição das operações da Credigy no Brasil foi um importante impulso para a consolidação dessa posição. As negociações demoraram mais de um ano e foram muitas conversas até a sua conclusão, em outubro de 2020. Mas esse fechamento apenas nos posiciona melhor para a continuidade do processo de crescimento. Esperamos crescer ainda mais no ano de 2021.
EM: Esse sistema fundamenta-se em análise dinâmica do devedor, reconhece o atual momento de sua vida e consegue estabelecer, em um cenário atuarial de alta precisão, o comportamento esperado de determinado devedor em relação às suas dívidas. Dessa forma, fugimos do senso comum de tabelas padrão de negociações e entregamos aos nossos clientes uma oferta de regularização condizente com sua situação atual.
Aliado a isso, ressaltaria o fato de termos reunido uma equipe sênior e especializada, com muito conhecimento sobre a dinâmica operacional das Companhias e das Instituições Financeiras, além do forte network no segmento e relacionamento com investidores do Mercado de Capitais e Bancos brasileiros, entre outros.
EM: Com a aquisição, a MGC passou a deter carteiras da ordem de R$ 40 bilhões em direitos creditórios e cerca de 19 milhões de contratos. Apesar dessa liderança no mercado de varejo, a MGC atua em outros nichos de special situations, tais como aquisição de créditos judiciais, precatórios, operações estruturadas de endividamento corporativo e gestão de carteiras em parcerias no mercado. Para 2021, pretendemos continuar em ritmo acelerado na expansão das operações da Crediativos e já estamos analisando diversas outras oportunidades de aquisição de carteiras.
EM: O mercado de special situations vem apresentando grande crescimento no país por ser contracíclico. Em razão da depreciação da economia em plena pandemia, os bancos aumentaram de forma expressiva os seus provisionamentos, esperando grandes perdas. Mas, em algum momento, precisarão ceder suas carteiras, como forma de limpar os seus balanços.
A boa notícia é que todos os stakeholders e a própria economia brasileira acabam se beneficiando desse bom momento do mercado de special situations. Nesse sentido, o pequeno devedor acaba achando nos fundos de investimento cessionários de carteiras uma flexibilidade maior do que encontrava em seu banco. Da mesma forma, os grandes conglomerados financeiros acabam por desonerar suas estruturas para atuar em seu core business, gerar alguma liquidez com créditos considerados “podres” e, ainda, homologar os benefícios fiscais das perdas consumadas. Assim, podendo iniciar um novo ciclo de financiamento a pessoas e empresas, esse sim preponderante para a retomada da economia.
Acreditamos que esse mercado crescerá ainda mais em 2021, há espaço para isso.
Com a intenção de sempre trazer as melhores informações sobre o mercado de cessão de créditos, trazemos, a cada mês, uma entrevista inédita com profissionais da área. Clique aqui e leia a conversa que tivemos com o CEO e fundador da BLU365, Alexandre Lara.