Recentemente, os dados divulgados pelo Indicador de Falência e Recuperação Judicial da Serasa Experian soaram um alerta para o mercado brasileiro, sinalizando que algo não vai bem em nossa economia.

Um dos principais tópicos foi o recorde de pedidos de recuperação judicial feitos por empresas no ano passado, que somam 2.273 requerimentos. Esse número superou o observado em 2016, quando o país registrou 1.863 pedidos.

Em termos de comparação, houve um aumento de 61,8% de pedidos de recuperação judicial para empresas em relação ao ano de 2023, onde ocorreram 1.405 solicitações de recuperação judicial de empresas.

Os micros e pequenos negócios foram os maiores impactados

Em uma segmentação por porte de empresas, vemos que o indicador mencionado acima aponta que as micro e pequenas empresas lideraram os pedidos de recuperação judicial com 1.676 solicitações.

Esse índice de solicitações é muito alto, afinal, o número de micro e pequenos negócios que pediram recuperação judicial em 2024 quase atinge o nível total da maior alta registrada previamente em 2016.

Diante desses índices, especialistas apontam um cenário alarmante, em especial, para 2026, uma vez que as empresas ainda devem ter força para atravessar 2025. A análise da economista da Serasa Experian, Camila Abdelmalack, também vai de encontro a essa linha de pensamento. Ela ainda credita os números de recuperação judicial por empresa às altas taxas de juros no ano passado, principalmente quando a inflação superou o teto da meta de 4,5%, alcançando 4,83%.

“Embora o ambiente econômico estivesse aquecido em 2024, o Brasil enfrentou uma taxa de juros bastante restritiva. Para as empresas que entram em inadimplência descontrolada e não conseguem reverter essa situação, o instrumento de recuperação judicial auxilia na reorganização, tentando evitar a falência”, explicou Abdelmalack.

Dificuldades de uma empresa em recuperação judicial

O aumento das empresas que solicitaram recuperação judicial é preocupante porque qualquer negócio enfrenta uma dura realidade quando a Justiça aprova sua RJ.

O crédito, por exemplo, se torna mais caro e escasso. É mais difícil atrair investidores para um negócio em recuperação judicial. Além disso, a empresa provavelmente terá que passar por uma reformulação ou demobilização operacional, com corte de funcionários, venda de equipamentos etc.

Uma empresa em recuperação judicial cria um plano bastante complexo, que vai alterar a forma como suas operações são feitas e visa garantir que haja lucro o suficiente para quitar seus compromissos e ganhar uma sobrevida, contudo, diante das dificuldades expostas acima, ela ainda fica sob o risco do encerramento de suas atividades.

Por isso, o aumento de empresas que pediram recuperação judicial é tão preocupante.

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