No final do ano passado, publicamos que as expectativas para 2021 eram positivas para o mercado de crédito. Na época, a projeção média para a expansão da carteira total era de 6,8%, segundo a Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN). Agora, o número já passou para 8,1%, com alta nas expectativas para a carteira Livre (de 9,9% para 10,0%) e Direcionada (de 3,7% para 4,1%).
Além disso, as Estatísticas monetárias e de crédito, divulgadas na quinta-feira (29) pelo Banco Central, apontam que o volume total do crédito bancário registrou alta em março. Segundo o BC, os bancos concederam mais empréstimos nesse mês, na comparação com fevereiro. O saldo de crédito, que contabiliza toda a carteira do sistema financeiro, subiu 1,5%: R$ 4,104 trilhões em março ante R$ 4,045 trilhões em fevereiro. Ainda conforme o levantamento, essa alta reflete crescimento no estoque total para as empresas (alta de 2%, para R$ 1,8 trilhão) e para as pessoas físicas (crescimento de 1%, para R$ 2,3 trilhões).
“A expansão [anual] da carteira de crédito ainda deverá permanecer em patamar elevado, acima de dois dígitos [com alta de 14,2%]. Mesmo após um ano da decretação oficial da pandemia, em um período de recuo da atividade econômica”, afirma o diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da FEBRABAN, Rubens Sardenberg. “O resultado de março pode ser considerado uma surpresa positiva. Afinal, sugere que a piora da pandemia e a retomada das medidas restritivas na maioria dos Estados afetaram menos a atividade econômica do que o esperado”, avalia.
Abaixo, confira o status em que o mercado se encontra atualmente, baseado nas duas Pesquisas FEBRABAN de Economia Bancária e Expectativas publicadas em 2021. Em seguida, saiba em quais modalidades as empresas mais buscaram crédito no mês de março, segundo o Banco Central.
A primeira pesquisa de 2021 feita pela FEBRABAN ocorreu de 27 de janeiro a 02 de fevereiro com 21 bancos do Brasil todo. Nela, constatou-se que as expectativas de crescimento para o mercado de créditos se concretizou, pois o desempenho esperado para o ano passou de 7% para 7,3%.
Esse aumento na porcentagem tem relação com a expectativa mais positiva que se tem com a carteira com recursos livres (de 9,6% para 9,9%) e direcionados (de 3,4% para 3,7%). No caso da carteira livre, houve alta também nas aberturas, sendo de 9,2% para 9,3% em carteiras PJ e de 9,9% para 10% em carteiras PF.
Realizada com 19 bancos entre 24 de março a 30 de março, a segunda edição da Pesquisa de 2021 apresentou resultados ainda mais promissores com relação à primeira. Nesse sentido, a projeção para o desempenho da carteira total neste ano subiu de 7,3% para 8,1%, um total de 1,3% a mais do que se projetava em dezembro de 2020.
De acordo com Rubens Sardenberg, a recuperação do setor no 2º semestre do último ano também pode ter influenciado nesse resultado. “Visto que o país conta, agora, com o avanço da vacinação e a permissão de abertura da economia”.
Com relação às carteiras com recursos livres, a projeção aumentou de 9,9% para 10%, enquanto as de recursos direcionados aumentaram de 3,7% para 4,1%. Para as de recursos livres, houve estabilidade para a carteira PJ (9,3%). Porém, para as carteiras PF, a expansão foi de 0,5% (de 10% para 10,5%).
De acordo com as estatísticas do BC, em março, as empresas buscaram crédito em modalidades ligadas ao consumo. O desconto de duplicatas, por exemplo, teve alta de 58,7%. A antecipação de recebíveis, por sua vez, aumentou 23,3%.
Segundo o chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha, a concessão desse tipo de crédito normalmente aumenta em meses que fecham o trimestre. “É um movimento sazonal, natural do fluxo das empresas”, ponderou.
Além disso, os financiamentos para comércio exterior também subiram em março. Sendo que o crédito para importação subiu 28,4% e para exportação, 57,3%. Para repasse externo houve aumento de 281,3% e ACC (Adiantamento sobre Contrato de Câmbio), de 128,2%.
“Essas modalidades sofrem impacto da variação cambial. Em março do ano passado as empresas aproveitaram a desvalorização para adiantar os créditos. Provavelmente elas avaliaram que agora também seria um momento propício”, finalizou o técnico do BC.
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