Por causa da pandemia do novo coronavírus, muitos impactos surgiram em diferentes âmbitos. A saúde foi a que mais sofreu, porém a economia também teve forte impacto. Com a suspensão de contratos, bem como redução na jornada de trabalho, muitas famílias perderam parte de suas rendas mensais. E com menos dinheiro no bolso, as pessoas passam a ter mais dificuldade na hora de pagar as suas contas.
De acordo com um estudo que a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) realizou acerca do comportamento dos endividados no Brasil durante a pandemia, cerca de 11 milhões de famílias possuem alguma dívida 一 e isso vem acontecendo de forma crescente: de 66,2% em março, o percentual passou para 67,4% em julho.
Ao longo do texto, nós iremos explicar a você os principais pontos que levaram o brasileiro a chegar nesse ponto. Confira!
Apesar do endividamento seguir em movimento crescente desde o fim de 2018, foi agora na pandemia que ele se acentuou. Mesmo com as inúmeras propostas que as empresas fizeram a clientes inadimplentes, muitos deles ainda não conseguiram quitar todas as dívidas. Segundo o CNC, o tempo médio de comprometimento com as contas, que era de 7 meses em março, passou a ser de 7,4 meses em julho.
Esse alongamento, conforme explica a economista responsável pelo trabalho, Izis Ferreira, acontece pelo fato das pessoas quererem melhorar a capacidade em pagar as suas dívidas, só que em prazos mais longos. Além das parcelas serem menores, elas se encaixam melhor no orçamento mensal, visto sua diminuição desde o início da crise.
O que realmente assusta, diante dos dados coletados, é o percentual das famílias que declararam não ter condições de quitar as contas atrasadas. Ao todo, 12% encontram-se nessa situação.
Embora a inadimplência tenha crescido nos últimos meses, um levantamento feito pela Recovery, empresa de recuperação de créditos e cobrança, constatou que o brasileiro tem procurado extinguir suas dívidas durante esse mesmo período. E o melhor: à vista.
Esse acontecimento só foi possível devido ao pagamento do auxílio emergencial. Aproximadamente 65% dos brasileiros endividados estão utilizando esse valor pago pelo governo para resolver pendências financeiras e, assim, ter acesso a créditos novamente.
E quando a dívida é paga em uma única parcela, o poder de negociação é maior e mais vantajoso para quem deve.
Por outro lado, mesmo com o grande aumento da inadimplência, muita gente também anda poupando dinheiro, considerando a falta de projeções para a retomada da economia. Dados do Banco Central afirmam que a captação líquida das cadernetas ficou positiva em R$ 112,6 bilhões entre os meses de janeiro e julho de 2020.
Em entrevista à Gazeta do Povo, a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto, afirma que as pessoas começaram a poupar pela dor 一 e não pelo amor. No entanto, toda ação positiva é bem-vinda nesse momento, inclusive por quem poupa apenas o que sobra ao final do mês.
O endividamento é algo recorrente no Brasil 一 e não só por conta da crise atual. Para entender um pouco mais sobre essa questão, confira o artigo que fizemos sobre os 3 maiores vilões do endividamento no Brasil.