quarta-feira - 10 de julho de 2024

Endividamento familiar: o maior nível desde novembro de 2022

Quando falamos em acompanhar a economia brasileira e índices importantes, certamente o endividamento das famílias é um panorama interessante de se analisar. Recentemente, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apontou que o endividamento das famílias brasileiras cresceu no mês de maio de 2024 e atingiu o pico mais alto desde novembro de 2022. A pesquisa considera endividados aqueles que possuem qualquer dívida, ainda que ela não esteja em atraso, como, por exemplo, compras no cartão de crédito ou financiamentos.

Em relação ao mês de abril, o número não foi tão crescente: as famílias com contas a vencer subiram de 78,5% para 78,8% em maio. Mas esse aumento no endividamento torna-se maior quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Em maio de 2023, cerca de 78,3% das famílias brasileiras estavam endividadas.

Ou seja, olhando friamente os números é possível perceber que o endividamento vem aumentando gradualmente há tempos. A CNC inclusive analisa o cenário exposto considerando a maior procura das demandas por linhas de crédito, que apresenta juros menores. Para ter uma noção, as quedas vêm desde agosto de 2023, quando caiu para 13,25%, porém, atualmente abaixou ainda mais, atingindo 10,50%.

Vamos então analisar um pouco os fatores e o que deve vir por aí com base nesse índice?

Como fica a inadimplência?

Apesar da Peic mostrar que este é o terceiro mês consecutivo em que ocorre um aumento do endividamento, a mesma pesquisa revela que houve um maior controle e uso consciente dos brasileiros na hora de lidar com as linhas de créditos. E essas informações são corroboradas pela estabilidade da porcentagem de inadimplentes.

O percentual das famílias cujo endividamento apresenta dívidas ou contas em aberto, sem o devido pagamento, ficou em 28,6% em maio de 2024. Em relação a abril deste ano, os números se mantiveram iguais.

O número de famílias cuja renda já está amplamente comprometida com as dívidas e que não devem honrar seus compromissos apresentou ainda uma leve queda entre abril e maio, indo de 12,1% para 12%.

Dentre os estados brasileiros, 16 deles mostraram um nível de inadimplência acima do percentual do país. O Estado de Roraima apresentou o maior nível de endividamento, atingindo 89,9% em maio.

Já o Rio Grande do Norte foi o Estado com a maior alta das famílias que não conseguiram pagar suas contas, atrasando-as. O percentual de inadimplência do RN atingiu 53,8%. E o Estado do Amazonas ocupou o topo das famílias sem condições de pagar as dívidas atrasadas, alcançando 20,0%.

“A manutenção do índice de endividamento revela certa preocupação com a inadimplência por parte das famílias, que têm aproveitado o momento para amenizar as dívidas, em vez de fazer novos compromissos”, disse o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, em entrevista à Agência Brasil.

Projeções

Embora os números da inadimplência apresentem estabilidade atualmente, as projeções da CNC não são tão animadoras, pois apontam aumentos tanto no percentual de famílias endividadas quanto no índice de famílias com contas em atraso.

O aumento no percentual de famílias endividadas nos próximos meses deve ser entre 0,01% e 0,03%, alcançando 80,4% no mês de dezembro.

O índice das famílias com dívidas atrasadas deve manter-se estável até o fim de julho. Contudo, a partir de agosto, ele também vai registrar aumentos entre 0,01% e 0,03%, culminando em 29,4% no último mês de 2024.

Em entrevista ao Correio Braziliense, o economista João Paulo Travasso Maia recomenda cautela no endividamento e organização financeira para cortar gastos superficiais em detrimento de quitar as dívidas atrasadas, além da necessidade de abrir e manter uma reserva de segurança para o futuro.

Para acompanhar os dados sobre o endividamento e a inadimplência no Brasil, acesse o nosso blog regularmente em www.blogcessaodecreditos.com.br

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