Os juros no Brasil tiveram uma leve queda no mês de agosto por conta do corte na taxa Selic. E apesar da taxa ainda estar em um nível elevado, a desaceleração de crédito em nosso país está menor que no resto do mundo, já que esta está estável, segundo o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
“Se a gente comparar o que caiu a inflação no Brasil, proporcional ao que aconteceu com o mercado de trabalho e o crescimento econômico, vamos ter dificuldade de encontrar um outro país do mundo (em que a inflação) tenha caído nessa mesma proporção quase sem alteração no crescimento econômico e com a geração de empregos” — concluiu Campos Neto em sessão do Senado.
Esse movimento é totalmente compatível com a atual política monetária restritiva. Além disso, a última projeção do BC previu que o volume de crédito vai crescer 7,7% em 2023 – um pouco acima dos 7,6% divulgados em março deste ano.
A seguir, explicamos um pouco melhor desse cenário para você.
Em 2023, a oferta de crédito livre para pessoas físicas e jurídicas realmente está menor : -9% para PF e -3% para PJ. Resumidamente, crédito livre é aquele em que o próprio banco define as taxas de juros sobre o empréstimo feito para o cliente.
Já para crédito direcionado – referente a transações realizadas pelos bancos que oferecem taxas subsidiadas – a projeção de crescimento é de 11% para PF e de 7% para PJ. Isso porque este modelo de créditos tem suas regras definidas pelo governo e é destinado, na maioria das vezes, para a área habitacional, rural, infraestrutura e microcrédito.
Ainda, como reflexo dessa desaceleração de crédito livre analisa-se o impacto direto na inadimplência, que segue elevada mas acompanha a desaceleração com certa estabilidade.
Como os movimentos do mercado financeiro mudaram, a estratégia das empresas que oferecem crédito foi pelo mesmo caminho.
A maior parte das grandes instituições bancárias passou a olhar com mais cautela para os solicitantes de empréstimos. E isso fez com que as fintechs, empresas que concediam crédito de um jeito mais fácil e ágil, também tomassem essa postura.
Para o presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Luís Carvalho, o principal motivador para isso foi a alta dos juros somada à alta inadimplência da população brasileira – que, segundo último levantamento do Serasa, soma 71,41 milhões de brasileiros inadimplentes. Portanto, a lucratividade do negócio corre risco, já que o empréstimo pode não ser pago pelo cliente.
Já no começo deste mês de setembro, Campos Neto afirmou que o mundo – e, consequentemente o Brasil – vive uma segunda fase no processo de desinflação e que esta é caracterizada pela necessidade de um esforço adicional para reduzir os núcleos da inflação.
Nesse sentido, é normal que a retração de crédito também aconteça, especialmente pelos números relacionados a emprego e inadimplência.
Agora, é preciso acompanhar os próximos passos da nossa economia. E você pode fazer isso aqui pelo blog do Portal Cessão de Créditos. Todas as semanas, trazemos uma matéria relevante do mercado, então, fique de olho!
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