quarta-feira - 11 de novembro de 2020

Chaves Pix: por que os bancos têm tanta pressa em cadastrá-las?

Muito provavelmente você já ouviu falar sobre o Pix, ainda mais nessas últimas semanas. Criado para ser uma nova forma de pagamentos, o Pix promete simplificar, agilizar, baratear e deixar o procedimento de transferência monetária mais seguro. Mas você sabe por que está acontecendo uma corrida para o cadastro de chaves entre as instituições financeiras?

Iniciado em 5 de outubro, o cadastro de chaves para o Pix possui uma grande importância. Isso pelo simples fato de que, a partir do dia 16 de novembro, as pessoas não serão mais identificadas por agência e conta, mas sim por um único dado pessoal. Portanto, os grandes bancos tradicionais e as modernas fintechs precisam fazer a sua parte para não perderem o seu bem mais precioso: o cliente.

Para entender melhor sobre esse cenário, acompanhe este artigo e fique por dentro de todas as questões que envolvem esse novo processo desenvolvido pelo Banco Central (BC).

A realidade além dos cadastros no Pix

Atualmente, transferências realizadas entre contas que não são do mesmo banco ocorrem de duas maneiras: TED ou DOC. Com a chegada do Pix, essas duas modalidades caem por terra, uma vez que o usuário terá em mãos uma opção que não cobrará nada e que funcionará de forma instantânea.

Segundo uma pesquisa feita pela consultoria Bain & Company, os bancos vão ter um déficit de R$ 1 bilhão até 2025 com o fim dessas taxas. Para quem vê nessas tarifas a sua melhor forma de ganhar dinheiro o momento é crítico, pois startups financeiras como Nubank, Mercado Pago e PagSeguro já se diferenciam. 

Isso ocorre não só pela questão digital, mas também por terem se preparado melhor para o início dos cadastros. Assim, facilitando o processo para o usuário, bem como a dinâmica do procedimento. Não à toa, essas empresas ocupam o top 3 das que têm mais chaves cadastradas até agora, segundo ranking divulgado pelo BC.

Formas e incentivo para atrair clientes

Além de favorecer a competitividade entre todas as instituições existentes no Brasil, o incentivo ao Pix funciona para fidelizar os seus clientes. Para garantir a atenção deles, vale liberar pontos do programa de fidelidade ou até sortear dinheiro, com valores que chegam a R$ 1 milhão. E a explicação para essa corrida de cadastro de chaves é simples: cada pessoa física só pode cadastrar até 5 chaves no BC. No caso de pessoas jurídicas, esse número aumenta para 20.

Diante disso, garantir que um cliente irá permanecer com um determinado banco mesmo com o Pix em prática significa um relacionamento duradouro entre ambas as partes. De acordo com Bruno Diniz, professor de fintech na área de MBA da USP, é essa fidelização que faz com que uma instituição financeira continue oferecendo aos seus clientes novos produtos e serviços. Então, isso faz com que eles centralizem todas as soluções em um único lugar.

E como ficam as outras formas de pagamento? 

Muito se fala no Pix, mas pouco se diz sobre o impacto que ele vai causar nas outras formas de pagamento. No entanto, uma coisa é fato: ele não foi criado para acabar com as transações feitas via cartão, dinheiro ou boleto, mas sim para evoluir o sistema financeiro brasileiro e deixá-lo mais competitivo.

Mesmo assim, é natural que algum meio de pagamento caia em desuso, caso o Pix seja bem aceito pela população, mas ele não será descontinuado. Com relação às cédulas em dinheiro, especialistas afirmam que a haverá a diminuição de sua circulação, mas não de imediato. É preciso, antes, toda uma mudança de cultura sobre aqueles que trabalham de forma informal ou que não possuem uma conta em banco, mostrando que o dinheiro em espécie não é mais tão necessário assim. 

Por fim, apesar dessa corrida por chaves Pix, elas não são compromissos eternos. Caso o consumidor não esteja satisfeito, basta pedir para trocar e levar a outro banco. Ou ainda, se quiser, pode não cadastrar chave nenhuma e aguentar a insistência dos bancos.


Caso você queira entender mais sobre o mundo das fintechs, sugerimos a leitura do seguinte artigo: Fintechs: saiba o que são e qual a sua importância em tempos de pandemia.