Nos últimos anos uma nova forma de pagamento tem ganhado destaque no mundo todo: o Buy Now Pay Later. Em tradução literal, “compre agora e pague depois”, o BNPL permite que você compre um produto e pague por ele depois de algumas semanas ou meses, à vista ou parcelado.
Globalmente, o BNPL, ou boleto parcelado atingiu US$ 120 bilhões transacionados em 2021 e a expectativa é de alcançar US$ 576 bilhões até 2026.
Para falar um pouco mais sobre essa forma de cobrança tão promissora, convidamos Nádia Lanny Lopes para explicar melhor as precauções e desafios que as empresas que adotam o BNPL podem enfrentar.
Experiente na área de risco, Nádia tem mais de 15 anos de atuação em diversas indústrias. Destaca-se pela sua capacidade de inovação e expertise em operações, principalmente em cobrança, liderando a digitalização de processos ao longo de sua carreira.
Confira a entrevista!
Para evitar a inadimplência no pagamento parcelado via boleto, as empresas podem adotar algumas precauções como implementar uma comunicação clara e constante com o cliente, lembrando-o da empresa da qual comprou o produto ou serviço, bem como detalhes sobre o produto adquirido. Isso reduz o risco do cliente esquecer ou contestar o pagamento, especialmente se for sua primeira vez utilizando esse método de pagamento.
Oferecer opções de pagamento flexíveis, como lembretes automáticos de vencimento do boleto e facilidades para a atualização de dados de pagamento também é bastante válido. Assim como realizar análises de crédito e perfil do cliente antes de conceder o parcelamento, a fim de identificar potenciais clientes inadimplentes.
Além disso estabelecer políticas claras de cobrança e de tratamento de inadimplência, incluindo processos para lidar com clientes que não honram seus compromissos de pagamento. Também investir em sistemas de prevenção e detecção de fraudes, para mitigar riscos relacionados a pagamentos indevidos ou contestações fraudulentas. E ainda oferecer incentivos para pagamento em dia, como descontos ou benefícios adicionais, para incentivar a pontualidade nos pagamentos.
Um dos principais desafios seria conciliar a necessidade de recuperar o valor devido com a preservação do relacionamento com dois clientes: o estabelecimento comercial e o cliente final que financia a compra. O boleto parcelado atua como elo entre esses dois agentes. Outro aspecto desafiador é identificar e abordar adequadamente as razões da inadimplência, considerando tanto questões financeiras quanto eventuais insatisfações com o produto ou serviço adquirido.
Podemos ainda citar como desafio o desenvolvimento de programas de incentivo e engajamento que estimulem a recorrência do cliente e promovam a fidelização, fazendo com que ele perceba o boleto parcelado como uma oportunidade de multiplicação monetária e não apenas um pagamento único. Também a implementação de estratégias de comunicação eficazes para lembrar os clientes de suas obrigações de pagamento e incentivá-los a regularizar a situação.
Outro desafio é garantir que o fluxo de contratação do boleto parcelado seja transparente e claro, de modo a evitar mal-entendidos e assimetrias de informação entre as partes envolvidas. E por fim investir em tecnologias e sistemas de análise de dados para identificar padrões de comportamento dos clientes inadimplentes e personalizar abordagens de recuperação de crédito de acordo com cada caso específico.
O uso do boleto parcelado afeta os padrões de inadimplência e os processos de cobrança tradicionais de diversas maneiras em comparação com outras formas de financiamento, como o cartão de crédito.
Portanto, o uso do boleto parcelado resulta em padrões de inadimplência diferentes e desafios adicionais nos processos de cobrança em comparação com outras formas de financiamento, devido à baixa recorrência, falta de fidelização e aceitação limitada desse meio de pagamento.
Sim. Uma das principais diferenças está na recorrência e fidelização com o estabelecimento onde a compra foi realizada, como mencionado anteriormente.
Ao lidar com clientes inadimplentes que optaram pelo boleto parcelado, é crucial situá-los sobre quem é o credor e a que compra a cobrança se refere. Isso evita contestações e facilita o entendimento do débito, uma vez que o cliente pode estar mais propenso a questionar ou contestar a dívida devido à falta de familiaridade com o método de pagamento ou com o processo de cobrança associado a ele.
Além disso, o processo de recuperação de crédito para clientes que utilizaram boleto parcelado pode exigir uma abordagem mais personalizada, considerando a baixa recorrência e fidelização com o estabelecimento. Isso pode incluir ações direcionadas para estimular a recorrência do cliente, como programas de incentivo e engajamento, e uma comunicação clara e constante para lembrá-los de suas obrigações de pagamento.
Por outro lado, clientes que utilizaram cartão de crédito ou crediário podem estar mais familiarizados com o processo de cobrança e com o relacionamento com o credor, o que pode facilitar a comunicação e a negociação durante o processo de recuperação de crédito.
Sim. A venda da carteira de créditos não performados é fundamental para as instituições financeiras recuperarem parte do valor dos créditos inadimplentes e liberarem recursos para novas operações de crédito. Isso ajuda a minimizar as perdas financeiras e a manter a saúde financeira da instituição.
Porém acredito que a venda da carteira deve fazer parte da estratégia global de recuperação de crédito, mas somente no estágio final. Antes de considerar a venda, é importante esgotar todas as opções de recuperação interna, como negociações de renegociação de dívidas e ações de cobrança.
E embora a venda da carteira de créditos não performados seja uma ferramenta importante na gestão de riscos e na recuperação de crédito, é essencial que seja realizada de forma transparente e responsável. Deve-se manter a clareza e a comunicação transparente com os clientes inadimplentes. Ou seja, eles devem ser informados sobre a transferência de seus débitos para um novo credor, garantindo que não haja surpresas ou problemas no pós-venda. Isso é crucial para preservar a confiança do cliente e evitar conflitos futuros.
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