Muito provavelmente você já ouviu falar sobre o Pix, ainda mais nessas últimas semanas. Criado para ser uma nova forma de pagamentos, o Pix promete simplificar, agilizar, baratear e deixar o procedimento de transferência monetária mais seguro. Mas você sabe por que está acontecendo uma corrida para o cadastro de chaves entre as instituições financeiras?
Iniciado em 5 de outubro, o cadastro de chaves para o Pix possui uma grande importância. Isso pelo simples fato de que, a partir do dia 16 de novembro, as pessoas não serão mais identificadas por agência e conta, mas sim por um único dado pessoal. Portanto, os grandes bancos tradicionais e as modernas fintechs precisam fazer a sua parte para não perderem o seu bem mais precioso: o cliente.
Para entender melhor sobre esse cenário, acompanhe este artigo e fique por dentro de todas as questões que envolvem esse novo processo desenvolvido pelo Banco Central (BC).
Atualmente, transferências realizadas entre contas que não são do mesmo banco ocorrem de duas maneiras: TED ou DOC. Com a chegada do Pix, essas duas modalidades caem por terra, uma vez que o usuário terá em mãos uma opção que não cobrará nada e que funcionará de forma instantânea.
Segundo uma pesquisa feita pela consultoria Bain & Company, os bancos vão ter um déficit de R$ 1 bilhão até 2025 com o fim dessas taxas. Para quem vê nessas tarifas a sua melhor forma de ganhar dinheiro o momento é crítico, pois startups financeiras como Nubank, Mercado Pago e PagSeguro já se diferenciam.
Isso ocorre não só pela questão digital, mas também por terem se preparado melhor para o início dos cadastros. Assim, facilitando o processo para o usuário, bem como a dinâmica do procedimento. Não à toa, essas empresas ocupam o top 3 das que têm mais chaves cadastradas até agora, segundo ranking divulgado pelo BC.
Além de favorecer a competitividade entre todas as instituições existentes no Brasil, o incentivo ao Pix funciona para fidelizar os seus clientes. Para garantir a atenção deles, vale liberar pontos do programa de fidelidade ou até sortear dinheiro, com valores que chegam a R$ 1 milhão. E a explicação para essa corrida de cadastro de chaves é simples: cada pessoa física só pode cadastrar até 5 chaves no BC. No caso de pessoas jurídicas, esse número aumenta para 20.
Diante disso, garantir que um cliente irá permanecer com um determinado banco mesmo com o Pix em prática significa um relacionamento duradouro entre ambas as partes. De acordo com Bruno Diniz, professor de fintech na área de MBA da USP, é essa fidelização que faz com que uma instituição financeira continue oferecendo aos seus clientes novos produtos e serviços. Então, isso faz com que eles centralizem todas as soluções em um único lugar.
Muito se fala no Pix, mas pouco se diz sobre o impacto que ele vai causar nas outras formas de pagamento. No entanto, uma coisa é fato: ele não foi criado para acabar com as transações feitas via cartão, dinheiro ou boleto, mas sim para evoluir o sistema financeiro brasileiro e deixá-lo mais competitivo.
Mesmo assim, é natural que algum meio de pagamento caia em desuso, caso o Pix seja bem aceito pela população, mas ele não será descontinuado. Com relação às cédulas em dinheiro, especialistas afirmam que a haverá a diminuição de sua circulação, mas não de imediato. É preciso, antes, toda uma mudança de cultura sobre aqueles que trabalham de forma informal ou que não possuem uma conta em banco, mostrando que o dinheiro em espécie não é mais tão necessário assim.
Por fim, apesar dessa corrida por chaves Pix, elas não são compromissos eternos. Caso o consumidor não esteja satisfeito, basta pedir para trocar e levar a outro banco. Ou ainda, se quiser, pode não cadastrar chave nenhuma e aguentar a insistência dos bancos.
Caso você queira entender mais sobre o mundo das fintechs, sugerimos a leitura do seguinte artigo: Fintechs: saiba o que são e qual a sua importância em tempos de pandemia.